De volta ao início de tudo!

Fernando Zimmermann | 09/04/2014

Todos começamos a cantar por algum motivo regido, sobretudo, pela nossa emoção (ou por nossas emoções). Cantar é libertador, é prazeroso, é divertido. Arrisco dizer que, mesmo aos que iniciam despretensiosamente, todos começamos a cantar por uma paixão forte. Já tive alunos e alunas que começaram a cantar só “para ver qual era”, como se diz popularmente. Mas tão logo iniciam as aulas, envolvem-se com música, vêem-se envolvidos por sentimentos e sensações tão boas que só conseguimos descrever como paixão. Portanto, paixão, emoção, sentimento (o famoso “feeling”) estão sempre presentes quando cantamos. E, diga-se de passagem, as apresentações com mais “feeling” são as que mais nos chamam atenção. É isso que nós (e todo público) quer ver e ouvir: “feeling”, sentimento, emoção, paixão, vontade!

E porque falo disso agora? Pois percebo, ao longo de todos esses anos cantando e lecionando, que, apesar de fator fundamental no desenvolvimento pleno do cantor, muito estudo pode nos afastar um pouco da origem de tudo. E aí você pensa: “Mas como um voice coach vem dizer que o estudo pode nos afastar da paixão de cantar”? Explico, mas antes saliento que não é sempre que isso acontece, mas é mais comum do que se possa imaginar (infelizmente). O processo de estudo de técnica (PARA QUALQUER COISA) requer meticulosidade, precisão, repetição, esforço, atenção, e uma série de outros fatores que podem deixar o processo de desenvolvimento técnico um pouco burocrático. Nada fora do normal. Isso faz parte do processo. Atingir aquela nota, prestar atenção nas sensações de fonação, ressonância, respiração, postura, vogal, intensidade. Realmente o fardo de estudo técnico de um cantor requer um esforço e uma dedicação que beiram (quando não o são, de fato) a burocracia. O estudo de um cantor que quer se desenvolver plenamente é metódico, disciplinado. Assim acontece com TODOS que desejam desenvolver-se tecnicamente plenos em sua arte. Violonistas, contrabaixistas, bateristas, bailarinos, artistas plásticos, escultores. Ou seja, toda arte é imbuída de técnica para se fazer plena.

No entanto, o motivo para tanta dedicação e esforço em nos desenvolvermos plenamente temos de nos lembrar SEMPRE: a paixão pela música e pelo prazer de cantar. Quando estiver em um palco, permita-se ser apenas paixão. A técnica já tem que estar dentro de você. O que move você e lhe motiva a cantar é o prazer, a paixão, não a técnica. A técnica tem que permitir que você se expresse na sua máxima plenitude artística. Pensar em mil coisas, mil ajustes, músculos, fluxo de ar, vogal, não ajudará muito a você expressar a sua emoção.

Uma dica que tenho dado a muitos alunos para lhes manter conectados com sua paixão por cantar é manter um repertório de músicas que adora e cantá-lo sempre. Não importa o desafio técnico, a extensão exigida pelas canções, os efeitos envolvidos. Nada disso importa. O único critério de seleção deste repertório é o gostar muito de cada canção. Além disso, aprendê-las em algum instrumento é algo que pode lhe envolver ainda mais. Compor música também é algo que vai lhe ajudar a criar (ou a recuperar) o seu “link” de paixão para com a música. Além disso, envolva-se em apresentações que lhe permitam cantar o que você quer e deseja. Aqui no Full Voice Studios mantemos um calendário com algumas apresentações durante o ano onde o repertório é de livre escolha dos alunos. Cada um canta o que mais quer. Esse tipo de oportunidade é ótima para soltar a voz em músicas que você tem paixão por cantar.

Portanto, lembre-se sempre dos reais motivos que fazem você cantar. Use a técnica a seu favor, mas não deixe o processo lhe afastar da sua paixão pela música. Lembre-se sempre disso na sua trajetória.

#solteavoz

Um grande abraço,

Fernando Zimmermann
Voice Coach – Fundador do Full Voice Studios


Fernando Zimmermann


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