O corpo fala!

Fernando Zimmermann | 27/03/2014

Todos nós que cantamos estamos (ou deveríamos estar, pelo menos) atentos aos reflexos que acontecem com o/no nosso corpo em decorrência da nossa emissão vocal. Muitas vezes nós professores pedimos aos cantores: “Relaxe o pescoço”; “Solte o maxilar”; “Não é pra franzir a testa”; “Não projete a cabeça pra frente e pra cima”; e outros estímulos. No entanto, será que só isso é suficiente? Será que não estamos atacando a consequência como causa?

Explico. No meu ponto de vista, muitos desses reflexos não são a causa da tensão vocal mas sim consequência dela. Se algo não está certo na emissão o corpo se manifestará através dessas “compensações”. O pescoço que estica, a cabeça que vai sempre pra um lado, os ombros subindo e/ou até mesmo a boca meio torta. Se você é professor, fica a dica para, ao invés de atacar a consequência (que são os reflexos compensatórios do corpo), ataque a causa: a emissão vocal do(a) cantor(a) que está à sua frente.

AGORA, NO ENTANTO (e eu destaco isso em caixa alta para deixar BEM CLARO), atacar os reflexos pode também ser uma ferramenta útil. Mas como assim? Explico, então. Um pescoço que se estica é reflexo de alguma tensão na voz. Um queixo que não baixa, um maxilar rígido, idem. Mas tudo isso pode ser atacado diretamente DESDE QUE (e SOMENTE SE) voice coach e cantor(a) direcionarem estímulos corporais no extremo oposto do movimento compensatório E O(A) CANTOR(A) PERMITIR QUE SUA VOZ ASSUMA OUTRA COORDENAÇÃO/OUTRO DIRECIONAMENTO. Exemplo: um pescoço que se estica e se projeta para frente. Um estímulo que pode ajudar é baixar a cabeça/o pescoço durante a emissão (num movimento que direcione o queixo ao peito, por exemplo). O estímulo novo é extremo oposto ao anterior que surgiu por demasiada tensão vocal. NO ENTANTO, a voz vai querer assumir outra coordenação devido ao novo alinhamento corporal. E é aí que o(a) cantor(a) exerce fundamental papel no seu desenvolvimento vocal pleno. É preciso PERMITIR QUE A VOZ ASSUMA ESSA NOVA COORDENAÇÃO. Não adianta dar o estímulo corporal sem que haja a permissão de a voz (com a emissão o mais natural e o menos “manipulada” possível) assumir o comando. Nesse caso atacar os reflexos do corpo pode ser muito produtivo e de muita ajuda.

Portanto, fique (você cantor(a) e você voice coach) aos reflexos do seu corpo. Ele fala se sua voz está ou não no lugar certo. Demasiada tensão corporal é consequência de demasiada tensão vocal. E, se caso você escolha o caminho de atacar os reflexos corporais no intuito de melhorar sua emissão, LEMBRE-SE de PERMITIR que a voz assuma o comando e vá para onde ela quer (e deve) ir.

#solteavoz

Um abração,

Fernando Zimmermann


Fernando Zimmermann


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