Os 7 Melhores Exercícios Vocais e Para Que Servem

Luiza Lobo | 31/10/2018

Foram inúmeras as vezes que ouvi, de alunos e professores de canto, a seguinte pergunta: quais são os melhores exercícios para a voz?

Confesso que essa pergunta sempre me desagradou um pouco, porque não gosto de generalizações e sempre tive muito clara a noção de que os exercícios deveriam ser criados de forma personalizada atendendo a necessidade de cada cantor(a).

No entanto, certo dia quando uma professora de canto me perguntou (mais uma vez) sobre os melhores exercícios e eu apenas respondi que dependeriam de cada voz, percebi que não estava respondendo nada.

A verdade é que mesmo pensando na necessidade individual de cada aluno(a), é normal professores de canto “se apegarem mais” a determinados exercícios e obterem ótimos resultados com eles. Seja porque funcionam com a maioria das vozes ou porque são muito simples de entender, assimilar e executar corretamente.

Por isso, vou compartilhar com você a minha lista TOP 7 de exercícios vocais 🙂 (para ver todos os Cursos Online do Full Voice acesse https://fullvoice.com.br/cursos/)

Mas antes, precisamos entender algumas coisinhas:

Para que servem os exercícios vocais? 

Os exercícios vocais, também chamados de vocalizes, servem para modificar ou reforçar algum comportamento na voz.

Quando atuam modificando comportamentos funcionam para corrigir debilidades vocais da voz cantada. Ou seja, é função dos vocalizes alterar comportamentos e hábitos vocais que podem estar impedindo o(a) cantor(a) de se expressar de forma confortável e com bom resultado sonoro. Por exemplo: se estamos com uma emissão pesada, forçada demais, os exercícios precisarão promover mais leveza na voz, para buscar um equilíbrio no resultando final.

Os vocalizes também podem servir para reforçar bons comportamentos vocais fazendo com que o(a) cantor(a) consiga manter uma boa emissão em exercícios com diferentes intervalos e velocidades, notas sustentadas e músicas.

É importante ressaltar que os exercícios vocais das aulas de canto possuem fins pedagógicos. O(a) aluno(a) precisa entender e aprender esses bons e novos comportamentos vocais através dos exercícios para que consiga aplicar o resultado nas músicas obtendo uma emissão mais equilibrada, eficiente e saudável.

Como são criados os exercícios vocais?

Os exercícios vocais podem ser criados por uma combinação de vogais, consoantes, padrões de arpejo (escalas) e outros estímulos extras.

Além disso, lembre-se sempre de que a escolha dos componentes do exercício irá afetar diretamente a relação entre os três elementos da técnica vocal: fluxo de ar, consistência muscular e shape. Clique aqui se você quiser saber mais sobre esses elementos.

Como mensurar os resultados dos exercícios vocais? 

Quando fazemos um exercício vocal precisamos entender que existe uma relação lógica de causa e efeito acontecendo. O vocalize é a causa que irá proporcionar um determinado efeito na voz.

Para sabermos se o exercício está sendo eficiente, precisamos ter clareza a respeito desse efeito que queremos como resultado. Por isso, temos que entender quais são os comportamentos vocais que queremos mudar ou reforçar.

Dessa forma, é imprescindível que o(a) Voice Coach saiba fazer um diagnóstico vocal funcional e preciso para escolher as ferramentas certas. Na nossa série de vídeos Pilares da Aula de Canto falamos sobre o que é o Diagnóstico Vocal. Veja abaixo:

Outro fator muito importante para o sucesso dos exercícios é a comunicação. O(a) aluno(a) precisa ser orientado de forma bem objetiva para saber como executar de forma correta e qual o efeito/ resultado que se espera da execução de cada vocalize.

Na minha seleção TOP 7 de Exercícios Vocais, escolhi vocalizes simples, que uso com frequência por serem fáceis de executar e cuja relação de causa e efeito fica bastante clara para o(a) aluno(a).

TOP 7 de Exercícios Vocais

Apesar de ter chamado essa lista de TOP 7, não enumerei os exercícios por grau de importância, ok? Além disso, não é uma ordem de exercícios que deve ser feita em sequência (um após o outro) sem entender o porquê da aplicação. Ainda que sejam exercícios que podem ser usados por muitas pessoas, o uso deles vai depender da necessidade de cada cantor(a).

Portanto, lembre-se: quando for treinar qualquer um destes exercícios sugeridos, assegure-se de que está executando de maneira correta e de que o resultado é coerente com as suas necessidades vocais.

Exercícios UM e DOIS – “Uhul” e “Fu Fu Fu em arpejo de oitava descendente”

Sou fã desses dois exercícios porque funcionam muito bem pra descobrir a voz de cabeça de qualquer pessoa, por mais pesada que a voz seja.

“Uhul” é um estímulo de voz de cabeça disfarçado de som do cotidiano. Então, é muito fácil para ser assimilado e fácil de fazer. É um som leve, agudo, aquele som de comemoração mesmo, quando alguma coisa deu certo e você fala: “Uhul”.

Não tem escala regendo aqui afinação, é só mesmo um estímulo para fazer e entender o que é uma voz de cabeça. É um exercício muito interessante para quem tem dificuldades com notas agudas, emissão tensa e não consegue trocar de registro. Muitas vezes, é nesse simples som que algumas pessoas pela primeira vez acessam sua voz de cabeça.

O “Fu Fu Fu em arpejo de oitava descendente” é uma evolução do primeiro exercício. A partir do estímulo de voz de cabeça encontrado com o “Uhul” já conseguimos trabalhar a voz de cabeça em notas musicais. É também um som leve e fácil.

Gosto tanto desses exercícios que fiz um vídeo explicando como executá-los:

Exercício TRÊS – “É em arpejo de 5 tons descendente”

Enquanto os exercícios anteriores trazem muita leveza para a voz, esse é o contrário. Mas funciona muito bem para quem precisa ganhar um pouco mais de equilíbrio no registro de voz de peito.

A vogal “é “combinada com o arpejo de 5 tons descendente evita o comportamento de forçar o posicionamento da laringe para baixo nos graves e traz mais tônus para a emissão.

Também é um vocalize bem fácil de executar e de assimilar a sensação e o resultado.

Veja o nosso Programa de Escalas e Arpejos e treine em qualquer lugar! https://fullvoice.com.br/escalas-para-treinos-vocais/

No vídeo a seguir eu explico como fazer este exercício de forma correta:

Exercício QUATRO – “Fricativos sonoros prolongados (z, v, j)”

Os fricativos fazem parte de um grupo de consoantes que possuem a característica de interromper parcialmente o fluxo de ar.

Existem as fricativas surdas, como as consoantes “s”, “f” e “x”e as fricativas sonoras, como “z”, “v” e “j”. Se você emitir agora um “s” prolongado, irá perceber que há uma movimentação da sua língua para articular a consoante de forma que o fluxo de ar é parcialmente interrompido. Porém como o “s” é uma fricativa surda, não há som criado pelas pregas vocais.

Experimente agora emitir o “s” prolongado e, na sequência, trocar para o som de “z”, sem interromper a emissão. Conseguiu?

Você provavelmente irá perceber que a diferença entre a sustentação do “s” e do “z” está no som que precisa ser produzido para emitirmos o “z”. Por isso, essa última é chamada de fricativa sonora.

Prolongar de maneira estável a emissão de uma consoante fricativa sonora, como “z”, “v” e “j” necessita de bastante equilíbrio entre o fluxo de ar e a movimentação das pregas vocais.

Se estivermos com uma emissão desregulada, é muito provável que não se consiga manter o som sustentado de maneira contínua, com o ar saindo livremente.

Os fricativos sonoros funcionam muito bem em glissandos e em arpejos que promovam sustentação. Muitas vezes é através desses exercícios que o(a) aluno(a) tem a sua primeira percepção de uma nota prolongada/sustentada.

Exercício CINCO – “Nêi Nêi Nêi”

Esse exercício é bem conhecido e utilizado há anos por algumas correntes pedagógicas. A combinação de consoante, vogais e a intenção de som aplicada funcionam muito bem para trabalhar a conexão entre voz de peito e voz cabeça com mais firmeza.

O exercício deve ser feito com a intenção de fazer um som “chatinho”, quase nasal pela ajuda da consoante “n”. É um som firme, porém não é pesado. As vogais, que formam um ditongo decrescente, devem ser bem pronunciadas.

Cuidado para não emitir o som de “nein” e também para não deixar de pronunciar o “i” ao final do exercício.

No vídeo abaixo, eu e o Fernando demonstramos como fazer esse vocalize já com uma sugestão de arpejo:

Exercício SEIS – “Mâ mâ mâ”

Outro exercício muito bom para treinar a conexão entre voz de peito e voz de cabeça, e também pensando em uma emissão mais estável, é esse “Mâ mâ mâ”.

A consoante “m” ajuda a manter um equilíbrio na consistência das pregas vocais durante a emissão. A vogal “â” ajuda a proporcionar um som mais fácil e fluido durante as passagens.

Entretanto, há um cuidado que precisa ser dado para a articulação dessa vogal. Não se trata de uma vogal aberta como o “a” da palavra “casa” e também não possui projeção nasal como no “ã” que articulamos ao pronunciar a palavra “avião”.

Uma dica para encontrar essa vocal, é tapar o seu nariz com os dedos e pronunciar “avião” com o nariz tapado, tentando encontrar o som de “â” sem nasalidade.

Exercício SETE – “Vibrações”

Por fim, mas não menos importante, os exercícios de vibrações de lábio e/ou de língua também marcam presença na lista.

São exercícios que promovem equilíbrio na emissão e conexão mais suave entre os registros. Algumas pessoas, inclusive, podem perceber as primeiras sensações de conexão entre voz de peito e voz de cabeça através desses simples vocalizes.

Eles fazem parte de um interessante grupo chamado Exercícios de Trato Vocal Semi-Ocluído (e os fricativos sonoros também!). Hoje existem exercícios desse grupo em que utilizam-se tubos, canudos e outras abordagens interessantes para a execução.

Mas as vibrações de lábio e língua são exercícios muito válidos e utilizados com bons resultados por professores de canto há séculos. A popularidade deles é porque realmente funcionam com praticamente todas as vozes.

Dá uma olhada no vídeo a seguir em que explico a função das vibrações, falo sobre os Exercícios de Trato Vocal Semi-Ocluído e como executar corretamente.

Quais são os seus exercícios favoritos?

Se você dá aulas de canto, me conta aqui nos comentários quais são os seus exercícios favoritos, os mais utilizados e qual o resultado pretendido com cada um. Vou adorar saber

E, se você faz aulas de canto, quais exercícios trazem mais resultado para a sua voz? Percebe e consegue aplicar o resultado nas músicas? Você pratica com qual frequência? Gosta de treinar os vocalizes? 🙂

E se ainda não fez uma, que tal agendar conversando com a gente no WhatsApp? Escreve pra nós através desse link: http://bit.ly/zapfullvoice

 


Luiza Lobo


Luiza Lobo é Voice Coach e diretora/co-fundadora do Full Voice Studios®, especialista em Ciências da Voz pela Universidade de Coimbra. Dedica-se a explorar o máximo potencial vocal e artístico de cada pessoa e está constantemente se atualizando em cursos no Brasil e exterior para aprimorar o método do Full Voice Studios®

  1. Amo esses exercícios, principalmente o “Uhul” que além de ajudar a acessar a voz de cabeça também acho divertido fazê-lo.

  2. Amei demais….um dos meus favoritos alem desses são os hummings,.pois também ajudam no primeiro momento a trazer um certo equilíbrio entre os registros!!! E sao os da lista dos ETVSO.

  3. Muito bom! Esses exercícios são sensacionais, uso todos eles e posso afirmar que os resultados são fantásticos, principalmente quando utilizados no momento certo e de acordo com o perfil do aluno.

  4. Excelente! Uso todos eles seguidamente, tanto no meu treino vocal como com meus alunos. Todos sem exceção promovem ótimos resultados, de acordo com a necessidade de cada um!

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